BTKi em LLC e LCM R/R
Uma perspectiva global sobre os dados emergentes da terapia com inibidor de BTK para LLC e LCM recidivantes/refratários em 2022

Released: January 13, 2023

Expiration: January 12, 2024

Othman Al-Sawaf
Othman Al-Sawaf, MD
Matthew S. Davids
Matthew S. Davids, MD, MMSc
Toby A Eyre
Toby A Eyre, MBChB, MD
Kami Maddocks
Kami Maddocks, MD
Anthony Mato
Anthony Mato, MD, MSCE
Lydia Scarfò
Lydia Scarfò, MD

Activity

Progress
1
Course Completed
BRUIN LLC/LLP: Discussão do corpo docente da Conferência Pan-Pacífico sobre Linfomas

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
O estudo BRUIN de fase I/II avaliou o pirtobrutinibe (anteriormente chamado de LOXO-305) em pacientes com LLC/LLP ou com linfoma não Hodgkin de células B após tratamento anterior com pelo menos 2 terapias, incluindo um inibidor de BTK.8 Dos 618 pacientes incluídos, foram avaliados 261 pacientes com LLC. Uma resposta muito impressionante foi observada neste estudo, com uma TRG de 68%. Isto é notável, considerando que realmente não há uma abordagem padrão de atendimento para estes pacientes. Também foi apresentado um gráfico em cascata impressionante, que destacou o ponto em que os pacientes — aqueles que haviam descontinuado seu inibidor de BTK anterior devido à progressão ou devido à toxicidade — tiveram uma resposta igual à do pirtobrutinibe. A resposta foi observada em diferentes grupos de risco, incluindo pacientes que têm a mutação clássica de resistência ao inibidor de BTK, BTK C481S. É particularmente interessante que estes pacientes responderam igualmente bem ao pirtobrutinibe, em comparação com os pacientes que não responderam. Este medicamento realmente tem potencial em ambos os grupos de pacientes.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Por fim, o perfil de segurança do pirtobrutinibe parece muito bom, e, em pacientes com LLC, este foi um medicamento bem tolerado. Nós observamos algumas das toxicidades típicas relacionadas aos inibidores de BTK, como hematomas, embora normalmente de baixo grau, com taxas muito baixas de sangramento maior e incidência histórica de fibrilação atrial e hipertensão. Não houve toxicidade limitante da dose. Eles não atingiram uma dose máxima tolerada; então, 200 mg foi selecionado como a dose a seguir. Eu acho empolgante, enquanto pensamos sobre o rumo que o campo da LLC recidivante está tomando, saber que os estudos de fase III estão sendo lançados agora com o pirtobrutinibe em comparação com os padrões de atendimento. Espera-se que isto acabe levando a uma aprovação por parte da FDA para o pirtobrutinibe na LLC recidivante/refratária.

Julie M. Vose, MD, MBA:
O perfil de toxicidade parece bom para o pirtobrutinibe. Supondo que os futuros estudos de fase III mostrem resultados semelhantes e, além disso, demonstrem a capacidade de superar alguns dos problemas de resistência, onde você acha que o pirtobrutinibe ficará no futuro, no que diz respeito à terapia para os nossos pacientes com LLC?

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Essa é uma questão crucial, e eles também estão lançando ensaios de registro para o pirtobrutinibe na linha de frente. Estes estudos, felizmente, levarão um longo tempo, pois os pacientes com LLC geralmente ficam bem por mais tempo. Eu acho que vai ser difícil suplantar os inibidores covalentes de BTK. Nós certamente sabemos, neste momento, que a sequência de se começar com um inibidor covalente de BTK e depois passar para o pirtobrutinibe é bem-sucedida, mas levará vários anos até que tenhamos a ordem oposta, onde começamos com o pirtobrutinibe e depois precisamos saber se os inibidores covalentes de BTK conseguem, subsequentemente, ser eficazes. A partir de relatórios iniciais, parece que um padrão diferente de mutações de resistência está surgindo com os inibidores não covalentes; e se os inibidores covalentes de BTK conseguem superar isso, esta permanece como uma questão em aberto. Mas, para o seu ponto, pelo fato de o perfil de toxicidade do pirtobrutinibe parecer muito bom, se isso realmente se mantiver na experiência da fase III, ele pode ser a molécula com o melhor desempenho (best-in-class) e ser utilizado na linha de frente, com base no perfil de segurança e de eficácia.

SEQUOIA: Zanubrutinibe de linha de frente vs. bendamustina/rituximabe em pacientes com LLC/LLP e sem del(17p)

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
SEQUOIA é um estudo de fase III de zanubrutinibe, um outro inibidor covalente de BTK que ainda não foi aprovado para LLC.14,15 O SEQUOIA incluiu várias coortes, mas a que eu acho que será a mais impactante é a coorte 1, a coorte de registro em que os pacientes foram randomizados para receber o zanubrutinibe de forma contínua ou um curso padrão de 6 meses de BR. Esta era uma população com LLC mais velha, com uma idade mediana de aproximadamente 70 anos e vários marcadores de risco. Esta coorte excluiu pacientes de alto risco com del(17p).

SEQUOIA (Coorte 1): SLP (desfecho primário) avaliada por Comitê de Revisão Independente (CRI)

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Aos 24 meses, os dados parecem muito bons para o zanubrutinibe. É uma análise relativamente precoce para um estudo de LLC em linha de frente, mas, mesmo assim, aos 24 meses, houve uma taxa de SLP de 85% com o zanubrutinibe, em comparação com aproximadamente 70% com BR. Este benefício foi observado em diferentes grupos de risco, com base na genética e em várias características clínicas. O único grupo sem melhora significativa na SLP foi o de pacientes com LLC e IGHV mutado, onde houve uma vantagem numérica, mas ainda não estatisticamente significativa, para o zanubrutinibe. Isso é esperado com um acompanhamento curto, e estes pacientes podem se dar bem com BR.

SEQUOIA (Coorte 1): EAs de interesse

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
O perfil de segurança do zanubrutinibe continua muito bom, com muito poucos pacientes precisando descontinuar devido à toxicidade, mas existem alguns riscos em torno da neutropenia e da hipertensão com o zanubrutinibe. Observando os dados dos eventos adversos, em uma comparação randomizada de zanubrutinibe e BR, o mais impressionante foi que as taxas de fibrilação atrial foram equivalentes entre os 2 braços — na faixa de aproximadamente 3% —, e isso não foi observado com os outros inibidores de BTK, inclusive com o ibrutinibe ou o acalabrutinibe, onde normalmente observamos uma taxa mais alta de fibrilação atrial nestas comparações com quimioimunoterapia randomizadas. Novamente, este é um acompanhamento curto, e será interessante ver se surge alguma diferença ao longo do tempo, mas é muito encorajador do ponto de vista da segurança.

SEQUOIA (Coorte 1): Discussão

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Eu acho que uma pergunta que surgirá é: como vamos usar o zanubrutinibe na LLC depois que ele for aprovado pelo FDA? Nós vamos ter 3 ótimas opções no cenário da linha de frente — acalabrutinibe, ibrutinibe e zanubrutinibe —, e estas também serão opções no cenário recidivado. A conclusão é que é bom que os pacientes tenham opções de escolha. Todos estes medicamentos têm perfis de eventos adversos um pouco diferentes, e, provavelmente, nós vamos usar todos os três na prática clínica.

Julie M. Vose, MD, MBA:
Sim, esse é um bom ponto. Em que perfil de paciente específico você tenderia a evitar o ibrutinibe e optar por alguns destes novos inibidores de BTK?

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Para mim, os pacientes mais velhos — particularmente aqueles com comorbidades que envolvem doenças cardiovasculares — são os que estou evitando tratar com o ibrutinibe agora, porque já temos dados de fase III comparando acalabrutinibe vs. ibrutinibe e zanubrutinibe vs. ibrutinibe, e, para mim, as conclusões desses estudos são que, particularmente em pacientes com comorbidades cardiovasculares, esta próxima geração de inibidores covalentes de BTK é mais bem tolerada. Eu acho que ainda existem pacientes jovens e em forma que podem tolerar bem o ibrutinibe — e é uma única dose diária, além de haver um histórico muito longo com o medicamento e muita experiência —, então, há uma oportunidade para esses pacientes. Para a decisão entre o acalabrutinibe e o zanubrutinibe, temos pacientes, por exemplo, que sofrem de dores de cabeça. Esse é um risco conhecido com o acalabrutinibe; então, esse pode ser um paciente para o qual você priorizaria o zanubrutinibe. Podemos ter pacientes com problemas de hipertensão, e parece que as taxas são um pouco mais altas com o zanubrutinibe; por isso, talvez comecemos com o acalabrutinibe. Várias outras nuances entre estes medicamentos podem nos levar para um caminho ou para o outro.

Julie M. Vose, MD, MBA:
Sim, absolutamente. Eu acho que a outra questão a ser levantada é que a hipertensão com o ibrutinibe acontece, às vezes, muito tarde, e você tem que continuar monitorando os pacientes com cuidado. Eu tenho visto a hipertensão acontecer anos depois, e ela pode se aproximar de você, e você tem que ter cuidado com isso. Portanto, essa é uma outra população de pacientes em que você pode querer mudar para um inibidor de BTK diferente.

MAJIC: Qual é a terapia dupla baseada no venetoclax ideal para o tratamento de LLC na linha de frente?

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Por fim, quero mencionar o estudo MAJIC, que está tentando responder à pergunta: Qual é a terapia dupla baseada no venetoclax ideal para o tratamento da LLC em linha de frente para todos os recém-chegados, todas as idades e todos os grupos de risco genético? (NCT05057494) Este ensaio ainda não foi ativado, mas trata-se de uma comparação do braço comparador padrão de venetoclax e obinutuzumabe com uma combinação de acalabrutinibe e venetoclax. Este é um estudo de não inferioridade com um desfecho primário de SLP de 3 anos.

Uma coisa que é única sobre este estudo é que ambos os braços têm a duração do tratamento guiada pela DRM. Normalmente, o regime aprovado de venetoclax mais obinutuzumabe é de 1 ano para todos os pacientes, independentemente da sua situação de DRM no final desse ano. Para fazer uma comparação mais justa, ambos os braços permitem uma medição de DRM ao final de 1 ano de venetoclax. Aqueles pacientes que são indetectáveis para DRM, interrompem o tratamento; e aqueles que ainda têm DRM detectável, continuam recebendo um segundo ano de venetoclax. Uma questão importante é que, como avançamos para terapias mais limitadas no tempo para a LLC, todos os pacientes do estudo MAJIC irão interromper o tratamento após 2 anos de terapia à base de venetoclax, independentemente da sua situação de DRM naquele momento.

Outro aspecto exclusivo deste estudo é que estamos usando a abordagem baseada em sequenciamento de próxima geração clonoSEQ em nossos testes de DRM. Isto está nos permitindo chegar a um nível de detecção de 10-5 de forma consistente, em vez de 10-4, por citometria de fluxo, que tradicionalmente tem sido utilizada em ensaios. A esperança é de que isto permita uma estratificação de riscos mais precisa e a identificação de pacientes que possam interromper a terapia com segurança e desfrutar de uma SLP longa.

Qualquer paciente com LLC que tenha necessidade de tratamento de linha de frente e que seja candidato a venetoclax deve ser elegível para este estudo. Uma situação em que ele pode não ser um grande candidato é no cenário de disfunção renal significativa. Mas este ensaio tem uma ampla elegibilidade, e prevemos que ele vai conseguir recrutar de forma relativamente rápida.

Com o tempo, vamos ver se surgem diferenças. Outra questão-chave que este estudo vai ajudar a abordar é: Vale a pena usar o inibidor de BTK logo no início, ou é melhor guardá-lo para mais tarde?

Qual dos pacientes com LCM a seguir seria elegível para inscrição no estudo BRUIN-MCL-321 de fase III?
BRUIN-MCL-321: Qual é o inibidor de BTK ideal para LCM virgem de inibidor de BTK pré-tratado?

Julie M. Vose, MD, MBA:
BRUIN MCL-321 é um grande ensaio internacional de fase III de aproximadamente 500 pacientes, em uma randomização de 1:1 de pirtobrutinibe vs. escolha de outros inibidores de BTK — acalabrutinibe, ibrutinibe ou zanubrutinibe —, em pacientes com LMC previamente tratados que não tenham recebido antes um inibidor de BTK. Basicamente, ele está avaliando o primeiro inibidor de BTK para esta população de pacientes. Este é um estudo muito importante, para ver se o pirtobrutinibe é melhor em termos de resultados e toxicidade; e, é claro, para observar as mutações do LCM, para ver se há alguma população específica de pacientes para a qual o pirtobrutinibe seria melhor. Este estudo acabou de começar, e, embora vá demorar muito tempo para obtermos respostas para estas perguntas, é importante que conversemos com os nossos pacientes.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Você acha que eles estão olhando para os desfechos certos neste ensaio? Ele vai nos dar dados significativos?

Julie M. Vose, MD, MBA:
Isso. Eles estão analisando as taxas de resposta, a SLP e a SG. Será improvável, pelo menos a curto prazo, que haja uma vantagem quanto à SG; estes pacientes, provavelmente, precisariam ser acompanhados por muito tempo para ver isso. Mas, certamente, as taxas de resposta e a SLP são parâmetros importantes, e, claro, a tolerabilidade também. E, então, analisando o momento da recidiva — se eles também tiverem mutações. Portanto, sim, eu acho que existem bons parâmetros. Este é um estudo importante, e eu terei interesse em ver os resultados.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Sim. Certamente, eu também. Além disso, a comparação da segurança será interessante, porque não temos dados randomizados comparando o pirtobrutinibe com outros inibidores de BTK; e eu me pergunto se nós vamos extrapolar este estudo do LCM para a LLC, se virmos diferenças significativas de segurança entre os diferentes medicamentos.

BRIDGE: Indução e manutenção baseadas em zanubrutinibe em LCM não tratado

Julie M. Vose, MD, MBA:
O ensaio BRIDGE é um estudo interessante. Este estudo inclui pacientes com LCM sem envolvimento do sistema nervoso central e sem transplante anterior de células-tronco que recebem indução com R-CHOP por 3 ciclos, alternando com o R-DHAP ou com regimes semelhantes por 3 ciclos a cada 21 dias, e que também recebem zanubrutinibe em ciclos de 1, 3 e 5 com o regime R-CHOP. Então, se os pacientes tiverem uma RP ou melhor, eles podem ir para o transplante autólogo de células-tronco, por padrão de atendimento. Como parte do estudo, eles recebem uma manutenção com o zanubrutinibe por 2 anos após o transplante. O desfecho primário é a negatividade para DRM; e os desfechos secundários são a SLP e a SG.

Um pequeno subconjunto inicial deste estudo foi apresentado na Conferência Pan-Pacífico sobre Linfomas 2022. Ele incluiu 7 pacientes, com idade mediana de 52 anos e a doença principalmente em estágio avançado, como seria de se esperar. Todos os pacientes apresentavam envolvimento de sangue periférico e medula óssea; assim como alguns com envolvimento gastrointestinal e outros, o que é típico de LCM. Este é um acompanhamento curto — uma mediana de somente 35 semanas —, mas eles foram capazes de realizar os testes de DRM na maioria dos pacientes e descobriram que, em 5 dos 7 que realizaram pelo menos 1 teste de DRM, todos alcançaram a negatividade para DRM no sangue periférico e na medula óssea. Um paciente havia passado para o transplante de células-tronco.

No que diz respeito à segurança, a maioria dos pacientes tolerou muito bem o zanubrutinibe, sem nenhum evento adverso importante ou complicações. Uma neutropenia de grau 3/4 foi encontrada em apenas 2 dos 7 pacientes com o zanubrutinibe.

Embora estes dados sejam muito prematuros, é uma análise e um desenho realmente interessantes. Eu acho que isto é algo que nós vamos ver muito mais — as diferentes combinações de quimioterapia, imunoterapia e inibidores de BTK juntas.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Sim, com certeza. Uma das coisas que me parecem atrativas neste desenho é que é uma quantidade limitada de tempo de um inibidor de BTK após esses 2 anos de manutenção.

Julie M. Vose, MD, MBA:
Sim, o desenho do estudo é de um inibidor de BTK de tempo limitado de 2 anos, o que novamente acho um aspecto importante, porque, infelizmente, os inibidores de BTK são caros, e receber estes agentes por um número ilimitado de anos pode ser difícil para os pacientes, inclusive do ponto de vista da toxicidade. Portanto, o aspecto do tempo limitado é muito importante.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Sim, eu concordo. Também pode se tornar acessível utilizando o inibidor de BTK novamente como uma outra linha de terapia, se eles tiverem vários anos de remissão. Então, há muitas vantagens potenciais aí.

Julie M. Vose, MD, MBA:
Sim, ter a possibilidade de misturar e combinar os nossos diferentes tratamentos. Uma pausa na terapia pode fazer com que o linfoma se torne novamente sensível a esse agente específico ou a um agente similar. Então, particularmente com os inibidores de BTK, esse é um conceito importante.

Um pequeno subconjunto inicial deste estudo foi apresentado na Conferência Pan-Pacífico sobre Linfomas 2022. Ele incluiu 7 pacientes, com idade mediana de 52 anos e a doença principalmente em estágio avançado, como seria de se esperar. Todos os pacientes apresentavam envolvimento de sangue periférico e medula óssea; assim como alguns com envolvimento gastrointestinal e outros, o que é típico de LCM. Este é um acompanhamento curto — uma mediana de somente 35 semanas —, mas eles foram capazes de realizar os testes de DRM na maioria dos pacientes e descobriram que, em 5 dos 7 que realizaram pelo menos 1 teste de DRM, todos alcançaram a negatividade para DRM no sangue periférico e na medula óssea. Um paciente havia passado para o transplante de células-tronco.

BRIDGE: Indução e manutenção baseadas em zanubrutinibe em LCM não tratado

Julie M. Vose, MD, MBA:
O ensaio BRIDGE é um estudo interessante. Este estudo inclui pacientes com LCM sem envolvimento do sistema nervoso central e sem transplante anterior de células-tronco que recebem indução com R-CHOP por 3 ciclos, alternando com o R-DHAP ou com regimes semelhantes por 3 ciclos a cada 21 dias, e que também recebem zanubrutinibe em ciclos de 1, 3 e 5 com o regime R-CHOP. Então, se os pacientes tiverem uma RP ou melhor, eles podem ir para o transplante autólogo de células-tronco, por padrão de atendimento. Como parte do estudo, eles recebem uma manutenção com o zanubrutinibe por 2 anos após o transplante. O desfecho primário é a negatividade para DRM; e os desfechos secundários são a SLP e a SG.

BRUIN-MCL-321: Qual é o inibidor de BTK ideal para LCM virgem de inibidor de BTK pré-tratado?

Julie M. Vose, MD, MBA:
BRUIN MCL-321 é um grande ensaio internacional de fase III de aproximadamente 500 pacientes, em uma randomização de 1:1 de pirtobrutinibe vs. escolha de outros inibidores de BTK — acalabrutinibe, ibrutinibe ou zanubrutinibe —, em pacientes com LMC previamente tratados que não tenham recebido antes um inibidor de BTK. Basicamente, ele está avaliando o primeiro inibidor de BTK para esta população de pacientes. Este é um estudo muito importante, para ver se o pirtobrutinibe é melhor em termos de resultados e toxicidade; e, é claro, para observar as mutações do LCM, para ver se há alguma população específica de pacientes para a qual o pirtobrutinibe seria melhor. Este estudo acabou de começar, e, embora vá demorar muito tempo para obtermos respostas para estas perguntas, é importante que conversemos com os nossos pacientes.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Você acha que eles estão olhando para os desfechos certos neste ensaio? Ele vai nos dar dados significativos?

Julie M. Vose, MD, MBA:
Isso. Eles estão analisando as taxas de resposta, a SLP e a SG. Será improvável, pelo menos a curto prazo, que haja uma vantagem quanto à SG; estes pacientes, provavelmente, precisariam ser acompanhados por muito tempo para ver isso. Mas, certamente, as taxas de resposta e a SLP são parâmetros importantes, e, claro, a tolerabilidade também. E, então, analisando o momento da recidiva — se eles também tiverem mutações. Portanto, sim, eu acho que existem bons parâmetros. Este é um estudo importante, e eu terei interesse em ver os resultados.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Sim. Certamente, eu também. Além disso, a comparação da segurança será interessante, porque não temos dados randomizados comparando o pirtobrutinibe com outros inibidores de BTK; e eu me pergunto se nós vamos extrapolar este estudo do LCM para a LLC, se virmos diferenças significativas de segurança entre os diferentes medicamentos.

MAJIC: Qual é a terapia dupla baseada no venetoclax ideal para o tratamento de LLC na linha de frente?

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Por fim, quero mencionar o estudo MAJIC, que está tentando responder à pergunta: Qual é a terapia dupla baseada no venetoclax ideal para o tratamento da LLC em linha de frente para todos os recém-chegados, todas as idades e todos os grupos de risco genético? (NCT05057494) Este ensaio ainda não foi ativado, mas trata-se de uma comparação do braço comparador padrão de venetoclax e obinutuzumabe com uma combinação de acalabrutinibe e venetoclax. Este é um estudo de não inferioridade com um desfecho primário de SLP de 3 anos.

Uma coisa que é única sobre este estudo é que ambos os braços têm a duração do tratamento guiada pela DRM. Normalmente, o regime aprovado de venetoclax mais obinutuzumabe é de 1 ano para todos os pacientes, independentemente da sua situação de DRM no final desse ano. Para fazer uma comparação mais justa, ambos os braços permitem uma medição de DRM ao final de 1 ano de venetoclax. Aqueles pacientes que são indetectáveis para DRM, interrompem o tratamento; e aqueles que ainda têm DRM detectável, continuam recebendo um segundo ano de venetoclax. Uma questão importante é que, como avançamos para terapias mais limitadas no tempo para a LLC, todos os pacientes do estudo MAJIC irão interromper o tratamento após 2 anos de terapia à base de venetoclax, independentemente da sua situação de DRM naquele momento.

Outro aspecto exclusivo deste estudo é que estamos usando a abordagem baseada em sequenciamento de próxima geração clonoSEQ em nossos testes de DRM. Isto está nos permitindo chegar a um nível de detecção de 10-5 de forma consistente, em vez de 10-4, por citometria de fluxo, que tradicionalmente tem sido utilizada em ensaios. A esperança é de que isto permita uma estratificação de riscos mais precisa e a identificação de pacientes que possam interromper a terapia com segurança e desfrutar de uma SLP longa.

Qualquer paciente com LLC que tenha necessidade de tratamento de linha de frente e que seja candidato a venetoclax deve ser elegível para este estudo. Uma situação em que ele pode não ser um grande candidato é no cenário de disfunção renal significativa. Mas este ensaio tem uma ampla elegibilidade, e prevemos que ele vai conseguir recrutar de forma relativamente rápida.

Com o tempo, vamos ver se surgem diferenças. Outra questão-chave que este estudo vai ajudar a abordar é: Vale a pena usar o inibidor de BTK logo no início, ou é melhor guardá-lo para mais tarde?

SEQUOIA (Coorte 1): Discussão

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Eu acho que uma pergunta que surgirá é: como vamos usar o zanubrutinibe na LLC depois que ele for aprovado pelo FDA? Nós vamos ter 3 ótimas opções no cenário da linha de frente — acalabrutinibe, ibrutinibe e zanubrutinibe —, e estas também serão opções no cenário recidivado. A conclusão é que é bom que os pacientes tenham opções de escolha. Todos estes medicamentos têm perfis de eventos adversos um pouco diferentes, e, provavelmente, nós vamos usar todos os três na prática clínica.

Julie M. Vose, MD, MBA:
Sim, esse é um bom ponto. Em que perfil de paciente específico você tenderia a evitar o ibrutinibe e optar por alguns destes novos inibidores de BTK?

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Para mim, os pacientes mais velhos — particularmente aqueles com comorbidades que envolvem doenças cardiovasculares — são os que estou evitando tratar com o ibrutinibe agora, porque já temos dados de fase III comparando acalabrutinibe vs. ibrutinibe e zanubrutinibe vs. ibrutinibe, e, para mim, as conclusões desses estudos são que, particularmente em pacientes com comorbidades cardiovasculares, esta próxima geração de inibidores covalentes de BTK é mais bem tolerada. Eu acho que ainda existem pacientes jovens e em forma que podem tolerar bem o ibrutinibe — e é uma única dose diária, além de haver um histórico muito longo com o medicamento e muita experiência —, então, há uma oportunidade para esses pacientes. Para a decisão entre o acalabrutinibe e o zanubrutinibe, temos pacientes, por exemplo, que sofrem de dores de cabeça. Esse é um risco conhecido com o acalabrutinibe; então, esse pode ser um paciente para o qual você priorizaria o zanubrutinibe. Podemos ter pacientes com problemas de hipertensão, e parece que as taxas são um pouco mais altas com o zanubrutinibe; por isso, talvez comecemos com o acalabrutinibe. Várias outras nuances entre estes medicamentos podem nos levar para um caminho ou para o outro.

Julie M. Vose, MD, MBA:
Sim, absolutamente. Eu acho que a outra questão a ser levantada é que a hipertensão com o ibrutinibe acontece, às vezes, muito tarde, e você tem que continuar monitorando os pacientes com cuidado. Eu tenho visto a hipertensão acontecer anos depois, e ela pode se aproximar de você, e você tem que ter cuidado com isso. Portanto, essa é uma outra população de pacientes em que você pode querer mudar para um inibidor de BTK diferente.

SEQUOIA (Coorte 1): EAs de interesse

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
O perfil de segurança do zanubrutinibe continua muito bom, com muito poucos pacientes precisando descontinuar devido à toxicidade, mas existem alguns riscos em torno da neutropenia e da hipertensão com o zanubrutinibe. Observando os dados dos eventos adversos, em uma comparação randomizada de zanubrutinibe e BR, o mais impressionante foi que as taxas de fibrilação atrial foram equivalentes entre os 2 braços — na faixa de aproximadamente 3% —, e isso não foi observado com os outros inibidores de BTK, inclusive com o ibrutinibe ou o acalabrutinibe, onde normalmente observamos uma taxa mais alta de fibrilação atrial nestas comparações com quimioimunoterapia randomizadas. Novamente, este é um acompanhamento curto, e será interessante ver se surge alguma diferença ao longo do tempo, mas é muito encorajador do ponto de vista da segurança.

SEQUOIA (Coorte 1): SLP (desfecho primário) avaliada por Comitê de Revisão Independente (CRI)

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Aos 24 meses, os dados parecem muito bons para o zanubrutinibe. É uma análise relativamente precoce para um estudo de LLC em linha de frente, mas, mesmo assim, aos 24 meses, houve uma taxa de SLP de 85% com o zanubrutinibe, em comparação com aproximadamente 70% com BR. Este benefício foi observado em diferentes grupos de risco, com base na genética e em várias características clínicas. O único grupo sem melhora significativa na SLP foi o de pacientes com LLC e IGHV mutado, onde houve uma vantagem numérica, mas ainda não estatisticamente significativa, para o zanubrutinibe. Isso é esperado com um acompanhamento curto, e estes pacientes podem se dar bem com BR.

SEQUOIA: Zanubrutinibe de linha de frente vs. bendamustina/rituximabe em pacientes com LLC/LLP e sem del(17p)

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
SEQUOIA é um estudo de fase III de zanubrutinibe, um outro inibidor covalente de BTK que ainda não foi aprovado para LLC.14,15 O SEQUOIA incluiu várias coortes, mas a que eu acho que será a mais impactante é a coorte 1, a coorte de registro em que os pacientes foram randomizados para receber o zanubrutinibe de forma contínua ou um curso padrão de 6 meses de BR. Esta era uma população com LLC mais velha, com uma idade mediana de aproximadamente 70 anos e vários marcadores de risco. Esta coorte excluiu pacientes de alto risco com del(17p).

BRUIN LLC/LLP: Discussão do corpo docente da Conferência Pan-Pacífico sobre Linfomas

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
O estudo BRUIN de fase I/II avaliou o pirtobrutinibe (anteriormente chamado de LOXO-305) em pacientes com LLC/LLP ou com linfoma não Hodgkin de células B após tratamento anterior com pelo menos 2 terapias, incluindo um inibidor de BTK.8 Dos 618 pacientes incluídos, foram avaliados 261 pacientes com LLC. Uma resposta muito impressionante foi observada neste estudo, com uma TRG de 68%. Isto é notável, considerando que realmente não há uma abordagem padrão de atendimento para estes pacientes. Também foi apresentado um gráfico em cascata impressionante, que destacou o ponto em que os pacientes — aqueles que haviam descontinuado seu inibidor de BTK anterior devido à progressão ou devido à toxicidade — tiveram uma resposta igual à do pirtobrutinibe. A resposta foi observada em diferentes grupos de risco, incluindo pacientes que têm a mutação clássica de resistência ao inibidor de BTK, BTK C481S. É particularmente interessante que estes pacientes responderam igualmente bem ao pirtobrutinibe, em comparação com os pacientes que não responderam. Este medicamento realmente tem potencial em ambos os grupos de pacientes.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Por fim, o perfil de segurança do pirtobrutinibe parece muito bom, e, em pacientes com LLC, este foi um medicamento bem tolerado. Nós observamos algumas das toxicidades típicas relacionadas aos inibidores de BTK, como hematomas, embora normalmente de baixo grau, com taxas muito baixas de sangramento maior e incidência histórica de fibrilação atrial e hipertensão. Não houve toxicidade limitante da dose. Eles não atingiram uma dose máxima tolerada; então, 200 mg foi selecionado como a dose a seguir. Eu acho empolgante, enquanto pensamos sobre o rumo que o campo da LLC recidivante está tomando, saber que os estudos de fase III estão sendo lançados agora com o pirtobrutinibe em comparação com os padrões de atendimento. Espera-se que isto acabe levando a uma aprovação por parte da FDA para o pirtobrutinibe na LLC recidivante/refratária.

Julie M. Vose, MD, MBA:
O perfil de toxicidade parece bom para o pirtobrutinibe. Supondo que os futuros estudos de fase III mostrem resultados semelhantes e, além disso, demonstrem a capacidade de superar alguns dos problemas de resistência, onde você acha que o pirtobrutinibe ficará no futuro, no que diz respeito à terapia para os nossos pacientes com LLC?

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Essa é uma questão crucial, e eles também estão lançando ensaios de registro para o pirtobrutinibe na linha de frente. Estes estudos, felizmente, levarão um longo tempo, pois os pacientes com LLC geralmente ficam bem por mais tempo. Eu acho que vai ser difícil suplantar os inibidores covalentes de BTK. Nós certamente sabemos, neste momento, que a sequência de se começar com um inibidor covalente de BTK e depois passar para o pirtobrutinibe é bem-sucedida, mas levará vários anos até que tenhamos a ordem oposta, onde começamos com o pirtobrutinibe e depois precisamos saber se os inibidores covalentes de BTK conseguem, subsequentemente, ser eficazes. A partir de relatórios iniciais, parece que um padrão diferente de mutações de resistência está surgindo com os inibidores não covalentes; e se os inibidores covalentes de BTK conseguem superar isso, esta permanece como uma questão em aberto. Mas, para o seu ponto, pelo fato de o perfil de toxicidade do pirtobrutinibe parecer muito bom, se isso realmente se mantiver na experiência da fase III, ele pode ser a molécula com o melhor desempenho (best-in-class) e ser utilizado na linha de frente, com base no perfil de segurança e de eficácia.

No que diz respeito à segurança, a maioria dos pacientes tolerou muito bem o zanubrutinibe, sem nenhum evento adverso importante ou complicações. Uma neutropenia de grau 3/4 foi encontrada em apenas 2 dos 7 pacientes com o zanubrutinibe.

Embora estes dados sejam muito prematuros, é uma análise e um desenho realmente interessantes. Eu acho que isto é algo que nós vamos ver muito mais — as diferentes combinações de quimioterapia, imunoterapia e inibidores de BTK juntas.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Sim, com certeza. Uma das coisas que me parecem atrativas neste desenho é que é uma quantidade limitada de tempo de um inibidor de BTK após esses 2 anos de manutenção.

Julie M. Vose, MD, MBA:
Sim, o desenho do estudo é de um inibidor de BTK de tempo limitado de 2 anos, o que novamente acho um aspecto importante, porque, infelizmente, os inibidores de BTK são caros, e receber estes agentes por um número ilimitado de anos pode ser difícil para os pacientes, inclusive do ponto de vista da toxicidade. Portanto, o aspecto do tempo limitado é muito importante.

Matthew S. Davids, MD, MMSc:
Sim, eu concordo. Também pode se tornar acessível utilizando o inibidor de BTK novamente como uma outra linha de terapia, se eles tiverem vários anos de remissão. Então, há muitas vantagens potenciais aí.

Julie M. Vose, MD, MBA:
Sim, ter a possibilidade de misturar e combinar os nossos diferentes tratamentos. Uma pausa na terapia pode fazer com que o linfoma se torne novamente sensível a esse agente específico ou a um agente similar. Então, particularmente com os inibidores de BTK, esse é um conceito importante.